Resumo: Apresenta-se um mapeamento municipal, regional e populacional da distribuição de urologia no Brasil, baseado em dados quantitativos coletados, enforcando-se a necessidade de criar critérios sociais para a formação de novos urologistas no país. O estudo envolveu duas pesquisas realizadas em momentos diferentes, com objetivos distintos embora congruentes, e conduzidas por equipes diferentes e instituições de natureza diversa. A primeira resultou do “Perfil dos médicos no Brasil”, realizado pela fundação Osvaldo Cruz em parceria com o Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Federação Nacional dos Médicos em 1995, e envolveu 2.406 urologistas. A segunda, “Quantos somos e o que necessitamos”, desenvolvida pela Comissão de Ensino e Treinamento (CET-SBU), realizada em 1997, contou com um universo de 2.996 especialistas cadastradas no banco de dados da Sociedade Brasileira de Urologia. Os resultados mostraram que o urologista brasileiro é jovem (média de 43 anos), tem em média 17 anos de formado, possui pós-graduação lato sensu (91,3%) e está concentrado nas grandes capitais brasileiras (oito delas detêm 43,5% de todos os especialistas). A maior densidade de especialistas ocorreu nas regiões com maior número de programas de residência médica (70,4% dos programas estão localizadas na Região Sudeste). Cerca de 80% de todos os urologistas estão localizadas nas regiões Sudeste (61,6%) e Sul (17,8%). No Brasil, existe um urologista para cada 52.960 habitantes, distribuídos heterogeneamente pelo país e com a discrepância de até cinco vezes a densidade de especialistas em comparação com as regiões Sudeste e Nordeste (1:33.943 e 1:161.037, respectivamente). Cerca de 30% dos especialistas não são associados à SBU. A capacidade formadora é de 130 novos especialistas por ano (média de dois por programa de residência), o que corresponde a pelo menos duas vezes mais que o número necessário para saturar o sistema. Em conclusão, o número de especialistas está crescendo pelo menos duas vezes mais que o crescimento populacional, produzindo supersaturação das capitais brasileiras do Centro-Sul do Brasil, sem corrigir a falta de urologistas em outras regiões do país.
Abstract: The authors provide a municipal, regional and population-based distribution map of urologists in Brazil based on quantitative data, focusing on the need to create social criteria to train new urologists in the country. The study involved two survey at different times and with distinct (albeit congruent) purposes, conducted by different teams and institutions of diverse natures. The first drew on the “Profile of Brazilian Physicians” (including 2,406 urologists) conducted in 1995 by the Oswaldo Cruz Foundation (FIOCRUZ) in partnership with the Federal Board of Medicine, Brazilian Medical Association, and National Federation of Physicians. The second, titled “How Many Are We and What Do We Need?”, was conducted in 1997 by the Teaching and Training Committee of the Brazilian Society of Urology (SBU) and encompassed a universe of 2,966 specialists registered in the SBU database. Brazilian urologists are young (mean age of 43 years), have held a degree in urology for 17 years, have fellowship in urology (91.3%), and live in the large Brazilian State capitals (eight of which account for 43.5% of all urologists practice in the Southeast (61.6%) and South (17.8%). Brazil has one urologist per 52,960 inhabitants, with a heterogeneous distribution: 5 times more urologists in the Southeast then in the Northeast (1:33,943 and 1:161,037, respectively). About 30% of Brazilian urologists do not belong to the SBU. The country´s training capacity is 130 new urologists per year (average of two per residence program), amounting to at least twice as many as needed to saturate the system. In conclusion, the number of urologists is growing at least twice as fast as the population, leading to over-saturation of the specialty in Central and Southern Brazilian State capitals, while failing to solve the problem of lack of urologists in other regions of the country.